"Isso aqui não é casa de prostituição. Isso aqui é casa de filha da putice. Você paga para entrar e implora para sair"
quinta-feira, 10 de maio de 2012
quarta-feira, 9 de maio de 2012
O prazer de não voltar
Sinto
medo do que se esconde por detrás de minha alma
Pressinto
algo frágil e intenso
Não sei
se é dor ou amor
O que há
em mim que não consigo olhar?
Serão
fantasmas de meu passado a me assombrar?
Ou o
obscuro sentido da vida a me esperar?
Eu vivo
intensamente a me ocupar
Mas os
olhos em mim me espreitam dia após dia
Eles
estão sempre lá do fundo de minha alma
Depositando em mim o peso do seu contemplar
São olhos
fixos, frios, silenciosos...
Que eu
não sei interpretar
Quero
sons, gostos, cores e distração
Para nessa
Sombra não ter que penetrar
E quando
sozinha deitada no silêncio de meu quarto
Obrigo-me
a ouvir o grito silencioso do teu olhar
Sinto
angustia e pavor
O
silêncio do teu grito faz minha alma arrebentar
Porque me
olhas tão fixamente?
O que queres
de mim Sombra Maldita?
É por
ódio que me encaras?
Ou por
amor que me olhas?
Tenho
medo de ti
Tenho
medo de onde podes me levar
Tenho
desejo de ti
E no teu
mundo quero mergulhar
E de
corpo e alma quero me entregar
Receio nas
Sombras de teus braços cair
E nunca
mais voltar
Deliciosamente
Nunca
mais voltar
Loucamente
Nunca
mais voltar
Mortiferamente
Nunca
mais voltar
Nunca
mais voltar
Destinado àquele que me possui em seu obscuro abraço de dor e amor de criação e destruição: Hades
Destinado àquele que me possui em seu obscuro abraço de dor e amor de criação e destruição: Hades
terça-feira, 3 de abril de 2012
Actu-Amore
Olhava Deuses nesses corpos febris
Eram lagartos sujos a arrastar-se por esse mundo
Decepções e frustrações esmagavam meus ideais divinos
Deuses eram meus olhos prateados
a projetar em lagartos os reflexos de minha alma
Você sempre esteve aqui na Sombra
A contemplar meu desatino
Espiava-me por detrás de meus olhos
Você o amante árabe, o Diabo, o nômade, o vampiro
Escondia-se na carne de meus lábios e no desejo de minha pele
Você o ardente latino, o erótico, o amor, a paixão em essência pura
Tranquilamente me esperava
Enquanto eu saia a errar nesse mundo de decrépitos lagartos
E toda a noite você deitava com meu corpo nu
Beliscando minha alma com anseios amorosos
Cansada de procurar, cansado de esperar
Arrastou-me com violência
Para escuridão de teu mundo
E da explosão de nossos impulsos reprimidos
Devoramos nossas carnes
Somos o pecado materializado
O vício, o estupro, o genocídio
Sempre interpretamos a violência de nossos desejos
Sem julgamentos e moralismos
E de nosso ciúme possessivo
Fizemos momentos de intenso prazer
De nossas palavras afiadas
Cortamos a distância de nossas almas
E de nossos ódios e raivas
Envolvemos com sangue os nossos corpos
Deleitando-nos nas dores e prazeres da carne viva...
Deleitando-nos nas dores e prazeres da carne viva...
E agora unidos nesse único corpo
Dançamos ao ritmo erótico de nossas almas entrelaçadas
Você-Eu rindo-nos desses lagartos sujos que babam
Esmagando com nossos olhos-chumbo a carcaça desses estúpidos répteis
Juntos construímos nosso castelo de Heresias
E na Sombra de nossa alma realizamos infinitos pecados
Venham lagartos, decorar com vossas carcaças
As paredes de nosso perverso castelo
Venham lagartos... venham...
- Destinado a todas as Lagartixas que se dizem Homens -
domingo, 15 de janeiro de 2012
Thanatos
Glaucoma on your eyes
Plague to weather
Until they run dry
Ages of delirium
Curse of my oblivion
I swell without a scar
To the end of time
A shell without a star
At the end of time
Watch the bend of my wandering
Of hunting with the lightning gun
Tremor on my heaven son
Tares above my kingdom come
Torn open tomb
I fell in your
Cold fission bomb
I fell in your war
Ages of delirium
Curse of my oblivion
Tremor of my heaven son
Tares above my kingdom come
Plague to weather
Until they run dry
Ages of delirium
Curse of my oblivion
I swell without a scar
To the end of time
A shell without a star
At the end of time
Watch the bend of my wandering
Of hunting with the lightning gun
Tremor on my heaven son
Tares above my kingdom come
Torn open tomb
I fell in your
Cold fission bomb
I fell in your war
Ages of delirium
Curse of my oblivion
Tremor of my heaven son
Tares above my kingdom come
sábado, 14 de janeiro de 2012
Segunda-feira
Entre as buzinas de carro do final da tarde daquela segunda-feira estava eu a caminhar lentamente, sem pressa, sem rumo.
O céu estava azul e finos raios de luz banhavam o verde obstinado de algumas poucas árvores. Ao longe, perdido em meio aos violentos automotores, escutava-se o canto melancólico do sabiá laranjeira. Pendurada, entre os muros de um edifício, uma florzinha acenou timidamente para mim, sorrindo com seu alegre amarelo. E junto a ela um mosquito paquerador fazia sua dança em zigue-zague.
Todos eles taciturnos – com exceção do canto melancólico do sabiá- convidavam-me a viver um outro mundo, um outro tempo. A vida estava ali, fazendo-se presente para aqueles disponíveis a olhá-la e a escutá-la.
Hoje naquela tarde, sem pressa e sem rumo, eu vi e escutei. E vi ainda mais: no turbilhão infernal de pressa, objetivos e destinos eu me vi em tantos outros dias. Um sorriso malicioso brotou de meus lábios satisfeito em rir de tantos destinos áridos, construídos com o sacrifício de uma simplicidade tenra e prazerosa.
E assim continuei a caminhar, sentindo meu pés pisarem o asfalto daquela cidade psicótica e ainda assim repleta de divinos segredos revelados.
Andei sem rumo deixando apenas minha vontade momentânea guiar minhas escolhas nas encruzilhadas. E minhas vontades não pesavam nem pensavam de forma lógica ou racional, simplesmente eu me guiava pela luminosidade que me agradava, ou pelo cheiro ou por uma sensação inexplicável que me puxava. Caminhei talvez uma hora, foi quando sem rumo me deparei com a estação de trem. Não havia mais ruas para escolher, mas destinos sim. Entrei na estação e o primeiro trem que apareceu eu entrei. Pouco me importava para onde ia. Naquele momento eu apenas desejava estar lá de corpo e alma presentes. Esse foi o destino que escolhi.
E foi assim nessa existência intensa vivida a cada segundo que consegui me sentir e sentir os que estavam juntos a mim. Nós todos em deslocamento a uma outra cidade, deslocando-nos mas parados. Uma quantidade de seres exprimidos em um retângulo de alguns metros. Cada um com sua vida, amores, tristezas, medos, esperanças, mas todos juntos no mesmo vagão de trem.
Eu estava ali consciente de mim e deles, dessa unidade que fazia de nós os passageiros de um trem, de uma época, de um lugar... Mas e eles? Via aflições, anseios e gozos nos diversos rostos, cada um envolvido na sua pequena e medíocre bola de afetos, completamente distanciados daquele instante, dos presentes e de si, ansiados pelos minutos seguintes ou passados, atropelados pelo tempo que se foi ou que não veio. Quantas vezes também não estive assim? Quantos não deviam ter me lido nas escritas de minhas rugas emaranhadas de meu bolo afetivo?
Vivi a curiosidade da criança que brincava com o bigode do avô enquanto o mesmo dormia com a boca aberta, senti o beijo apaixonado do casal que mergulhados em seus desejos esqueceram os ali presentes, senti a aflição da senhora a esperar a ligação no seu celular, senti o medo do jovem rapaz que provavelmente pegava o trem pela primeira vez, e a felicidade dos jovens a conversarem sobre o encontro que teriam no dia seguinte.
Hoje eu não fui simplesmente eu, hoje eu fui um pouco de cada um dos que perpassaram meu campo existencial. Senti-me pertencendo a um todo. E olhar os objetivos rotineiros humanos me pareceu algo muito insignificante. A felicidade em mim por viver esse todo era muito superior a preocupação de pagar um conta, ou de terminar um relatório ou qualquer baboseira dessas que o ser humano se impõe em prol de nada, aliás, em prol de deixar de viver.
Desci na ultima estação do trem, o sol se despedia com seus finos raios dourados, beijando meu rosto com suavidade. Ouvi um grilo trilando ao longe. As luzes da rua começavam a acender para iluminar a noite que se acordava com seu véu escuro.
Eu caminhava em um bairro residencial e as ruas estavam tranqüilas e vazias. Eu via uma grande movimentação dentro das casas, era o barulho da TV, de pessoas conversando e de talheres em movimento. Sentia-me acolhido por aqueles caminhos tão familiares com seus jardins e calçadas floridas.
Naquelas ruas sem nada e a ninguém conhecer, passei em frente a um boteco em que um velho regado a aguardente tocava seu violão tradicional. Fiquei ali, de pé e esquecido de mim, embalado por aquele som que me ninava em doces lembranças da minha infância. Com um sorriso e uma levantada no copo, ele me convidou para eu me aproximar. Não hesitei ao convite e logo sentei-me ao lado dele. O velho começou a cantar uma música suave e dolorida sobre a desilusão de um amor, e começaram a escorrer lágrimas de seus olhos. Chorei junto lembrando de meus recentes amores perdidos. Mas secas ás lágrimas, começamos a cantar hinos de alegria. Juntaram-se a nós mais um e outro e terceiro. O dono da cantina sentou junto a nós naquela mesa de madeira rústica e ali ficamos a cantar e a contar as histórias de nossas vidas, bêbados e felizes, rindo e de vez em quando choramingando algumas dores e nostalgias. Sempre acompanhados pela viola e a quente aguardente naquela noite fria e estrelada. A lua como um gigante disco dourado espreguiçava-se cheia de vida no horizonte. E com aquele brilho todo ela me convocava a continuar andarilhando aquelas estreitas ruas. Sem despedidas e como gato fugidio sem ser notado, deixei os velhos boêmios em sua algazarra alcoólica.
Ainda com os passos ébrios segui a estreita rua cambaleando de quando em quando. Tropecei derrepente numa pequena caixa que gemeu de forma aguda e dolorosa. Temeroso do que poderia conter a pequena caixa, meus dedos trêmulos a abriram de forma cuidadosa, e encontrei dentro dela - quase sufocado num saco plástico - um pequeno gatinho amarelo malhado de no máximo 2 meses de vida. Meu coração pesaroso segurou o bichano, com todo cuidado possível, colocando-o de encontro ao meu peito para esquentá-lo.
Como poderia alguém dizer-se humano tendo deixado aquele pequeno ser em tal situação?
Segui a rua com o bichano no colo, acariciando suas orelhinhas geladas, e ele retribuía o carinho ronronando baixinho - agradecido e aliviado da situação que escapou. Ao final da rua escutei um som alegre, vozes felizes e risos calorosos a esquentar o silêncio frio daquela noite. Era uma festa de crianças. Conforme eu me aproximava as crianças correram na minha direção, curiosas para saber o que eu trazia no colo. Questionavam o que era, o que tinha acontecido, se estava bem. E ficaram completamente mudas e paralisadas quando eu disse que largaria o bichano no chão para elas o verem.
Quando larguei o gatinho no chão as crianças tinham os olhos muito abertos e fixos nele. Foi um silêncio absoluto. E o bichano por sua vez deu uns três passos bamboleando entre um cai-não-cai, parou estagnado examinando tantos olhinhos a contemplá-lo. Foram alguns segundos de profunda expectativa silenciosa. As crianças quase não respiravam. E o bichano com sua graça e sagacidade felina rompeu o silêncio do momento com um miadinho tão engraçadinho que as crianças de forma uníssona dissiparam a tensão com um esplendoroso: “Ohhhhhhhhh”!!!!
A partir daquele momento o restante foi só festa. Todos queriam pegar o gatinho e o mesmo aceitava sem restrições as pequenas mãos a tocá-lo, aliás, incentivava as caricias sempre ronronando cada vez mais alto parecendo um motorzinho em funcionamento. As crianças correram para a festa me puxando pelos braços enquanto uma delas carregava o gato no colo. Levaram, o gato e eu, para nos apresentar para os pais, donos da casa, em que a festa acontecia, que por sinal eram os pais do menino que carregava o bichano. Chegaram todas berrando ao mesmo tempo emocionadas com o achado. Os pais do garoto comentaram que estavam há algumas semanas procurando um gato para adotar e perguntaram se eu não gostaria de doar o bichano para eles. Fiquei muito feliz com o pedido pois em realidade eu não teria como ficar com mais um gato (pois já tenho quatro em minha casa). Tal foi a felicidade de todos quando eu disse que doaria o gatinho para eles. As crianças fizeram uma grande algazarra e os pais me convidaram com insistência para que eu ficasse na festa, e sem que desse tempo de eu responder a criançada me arrastou pelo braço para o jardim, enquanto um já me servia refrigerante e outra pegava um doce para me dar.
Ficamos lá degustando as guloseimas quando então eu disse: Temos que pensar em um nome para o gato! Então todos começaram a sugerir: Mimi! Bolinha! Malhado! Leco! Razuna! Pipoca! Mas parecia que nenhum nome agradava a eles e ao bichano. Fizemos silêncio e ficamos olhando para o gato foi quando o mesmo tropeçou numa pequena pedrinha escondida no gramado dando uma cambalhota engraçada. Todos riram muito e o gato miou junto. Então alguém disse: “Tropeço! O nome dele vai ser Tropeço!” E o gato miou ronronando. Todos gostaram da idéia: “Tropeço! Vem Tropeço!” E o Tropeço com o rabo em pé foi. As crianças para comemorar o batizado do gato começaram dançar e cantar criando um hino para ele, que agora seguia embalado a cada momento no colo de algum deles.
Eu dançava com as crianças esquecido de meu tamanho, da minha idade e das máscaras sociais. Sentia meu corpo mover livre, inteiro, presente. E sob minha pele o vento e o tecido brincavam graciosamente sensíveis.
Vendo as crianças entregues em seu bailar, fui me afastando vagarosamente e em silêncio. Tirando retratos com meus olhos e registrando tão linda cena nos arquivos de minha memória. Ao longe dei ainda uma ultima olhadela para trás me despedindo de vez daquelas pessoas que provavelmente nunca mais veria, mas que agora faziam parte da minha história existencial.
Estava cansado mas muito satisfeito. Decidi voltar para a casa e segui em direção a estação de trem. Mas chegando lá não havia mais trem naquele horário e sem dinheiro no bolso tive que seguir a pé alguns bons quilômetros até minha casa. E nesse trajeto eu vi pessoas que passavam fome e frio. Presenciei casais que brigavam, cortando com palavras afiadas, as veias amorosas que um dia tiveram conectadas. Olhei os cães de guardas do Estado cumprindo sua missão de farejar e aniquilar as alegrias alheias. Admirei casais amando-se perdidos entre lábios, abraços, beijos e braços. Lamentei o animal expirar-se em dor embaixo de uma roda de carro mergulhado em suas próprias vísceras e sangue. Enxerguei o padre furtando a fé e esperanças alheias. Testemunhei as alegrias e desesperos humanos em uma caminhada.
Há muitos que se queixam das segunda-feiras, mas os mesmos transformam seus dias em suplícios sem sentido, passam seus dias escondidos atrás de gravatas e relatórios, anestesiados por cafeína e o mal gosto de vestir-se e comer o que não desejam. Voltam para suas casas e deixam de viver suas vidas para se entregarem a vida de personagens de novela, ou a tragédias do telejornal, sempre adaptando-se as leis externas, não criam não transformam, simplesmente se arrastam submetidos ao peso do que não é seu...
Muitos dizem que me arrisco, que me exponho em situações de perigo, ainda mais porque sou uma menina. Para esses eu olho com piedade por ver a pobreza e a fraqueza de suas vidas que necessita de proteção constante para se manterem vivos, do contrário sucumbiriam ao primeiro instante de liberdade. Pobre de vocês que não conhecem a vida, suas pernas e almas frágeis não suportariam uma caminhada numa segunda-feira.
O céu estava azul e finos raios de luz banhavam o verde obstinado de algumas poucas árvores. Ao longe, perdido em meio aos violentos automotores, escutava-se o canto melancólico do sabiá laranjeira. Pendurada, entre os muros de um edifício, uma florzinha acenou timidamente para mim, sorrindo com seu alegre amarelo. E junto a ela um mosquito paquerador fazia sua dança em zigue-zague.
Todos eles taciturnos – com exceção do canto melancólico do sabiá- convidavam-me a viver um outro mundo, um outro tempo. A vida estava ali, fazendo-se presente para aqueles disponíveis a olhá-la e a escutá-la.
Hoje naquela tarde, sem pressa e sem rumo, eu vi e escutei. E vi ainda mais: no turbilhão infernal de pressa, objetivos e destinos eu me vi em tantos outros dias. Um sorriso malicioso brotou de meus lábios satisfeito em rir de tantos destinos áridos, construídos com o sacrifício de uma simplicidade tenra e prazerosa.
E assim continuei a caminhar, sentindo meu pés pisarem o asfalto daquela cidade psicótica e ainda assim repleta de divinos segredos revelados.
Andei sem rumo deixando apenas minha vontade momentânea guiar minhas escolhas nas encruzilhadas. E minhas vontades não pesavam nem pensavam de forma lógica ou racional, simplesmente eu me guiava pela luminosidade que me agradava, ou pelo cheiro ou por uma sensação inexplicável que me puxava. Caminhei talvez uma hora, foi quando sem rumo me deparei com a estação de trem. Não havia mais ruas para escolher, mas destinos sim. Entrei na estação e o primeiro trem que apareceu eu entrei. Pouco me importava para onde ia. Naquele momento eu apenas desejava estar lá de corpo e alma presentes. Esse foi o destino que escolhi.
E foi assim nessa existência intensa vivida a cada segundo que consegui me sentir e sentir os que estavam juntos a mim. Nós todos em deslocamento a uma outra cidade, deslocando-nos mas parados. Uma quantidade de seres exprimidos em um retângulo de alguns metros. Cada um com sua vida, amores, tristezas, medos, esperanças, mas todos juntos no mesmo vagão de trem.
Eu estava ali consciente de mim e deles, dessa unidade que fazia de nós os passageiros de um trem, de uma época, de um lugar... Mas e eles? Via aflições, anseios e gozos nos diversos rostos, cada um envolvido na sua pequena e medíocre bola de afetos, completamente distanciados daquele instante, dos presentes e de si, ansiados pelos minutos seguintes ou passados, atropelados pelo tempo que se foi ou que não veio. Quantas vezes também não estive assim? Quantos não deviam ter me lido nas escritas de minhas rugas emaranhadas de meu bolo afetivo?
Vivi a curiosidade da criança que brincava com o bigode do avô enquanto o mesmo dormia com a boca aberta, senti o beijo apaixonado do casal que mergulhados em seus desejos esqueceram os ali presentes, senti a aflição da senhora a esperar a ligação no seu celular, senti o medo do jovem rapaz que provavelmente pegava o trem pela primeira vez, e a felicidade dos jovens a conversarem sobre o encontro que teriam no dia seguinte.
Hoje eu não fui simplesmente eu, hoje eu fui um pouco de cada um dos que perpassaram meu campo existencial. Senti-me pertencendo a um todo. E olhar os objetivos rotineiros humanos me pareceu algo muito insignificante. A felicidade em mim por viver esse todo era muito superior a preocupação de pagar um conta, ou de terminar um relatório ou qualquer baboseira dessas que o ser humano se impõe em prol de nada, aliás, em prol de deixar de viver.
Desci na ultima estação do trem, o sol se despedia com seus finos raios dourados, beijando meu rosto com suavidade. Ouvi um grilo trilando ao longe. As luzes da rua começavam a acender para iluminar a noite que se acordava com seu véu escuro.
Eu caminhava em um bairro residencial e as ruas estavam tranqüilas e vazias. Eu via uma grande movimentação dentro das casas, era o barulho da TV, de pessoas conversando e de talheres em movimento. Sentia-me acolhido por aqueles caminhos tão familiares com seus jardins e calçadas floridas.
Naquelas ruas sem nada e a ninguém conhecer, passei em frente a um boteco em que um velho regado a aguardente tocava seu violão tradicional. Fiquei ali, de pé e esquecido de mim, embalado por aquele som que me ninava em doces lembranças da minha infância. Com um sorriso e uma levantada no copo, ele me convidou para eu me aproximar. Não hesitei ao convite e logo sentei-me ao lado dele. O velho começou a cantar uma música suave e dolorida sobre a desilusão de um amor, e começaram a escorrer lágrimas de seus olhos. Chorei junto lembrando de meus recentes amores perdidos. Mas secas ás lágrimas, começamos a cantar hinos de alegria. Juntaram-se a nós mais um e outro e terceiro. O dono da cantina sentou junto a nós naquela mesa de madeira rústica e ali ficamos a cantar e a contar as histórias de nossas vidas, bêbados e felizes, rindo e de vez em quando choramingando algumas dores e nostalgias. Sempre acompanhados pela viola e a quente aguardente naquela noite fria e estrelada. A lua como um gigante disco dourado espreguiçava-se cheia de vida no horizonte. E com aquele brilho todo ela me convocava a continuar andarilhando aquelas estreitas ruas. Sem despedidas e como gato fugidio sem ser notado, deixei os velhos boêmios em sua algazarra alcoólica.
Ainda com os passos ébrios segui a estreita rua cambaleando de quando em quando. Tropecei derrepente numa pequena caixa que gemeu de forma aguda e dolorosa. Temeroso do que poderia conter a pequena caixa, meus dedos trêmulos a abriram de forma cuidadosa, e encontrei dentro dela - quase sufocado num saco plástico - um pequeno gatinho amarelo malhado de no máximo 2 meses de vida. Meu coração pesaroso segurou o bichano, com todo cuidado possível, colocando-o de encontro ao meu peito para esquentá-lo.
Como poderia alguém dizer-se humano tendo deixado aquele pequeno ser em tal situação?
Segui a rua com o bichano no colo, acariciando suas orelhinhas geladas, e ele retribuía o carinho ronronando baixinho - agradecido e aliviado da situação que escapou. Ao final da rua escutei um som alegre, vozes felizes e risos calorosos a esquentar o silêncio frio daquela noite. Era uma festa de crianças. Conforme eu me aproximava as crianças correram na minha direção, curiosas para saber o que eu trazia no colo. Questionavam o que era, o que tinha acontecido, se estava bem. E ficaram completamente mudas e paralisadas quando eu disse que largaria o bichano no chão para elas o verem.
Quando larguei o gatinho no chão as crianças tinham os olhos muito abertos e fixos nele. Foi um silêncio absoluto. E o bichano por sua vez deu uns três passos bamboleando entre um cai-não-cai, parou estagnado examinando tantos olhinhos a contemplá-lo. Foram alguns segundos de profunda expectativa silenciosa. As crianças quase não respiravam. E o bichano com sua graça e sagacidade felina rompeu o silêncio do momento com um miadinho tão engraçadinho que as crianças de forma uníssona dissiparam a tensão com um esplendoroso: “Ohhhhhhhhh”!!!!
A partir daquele momento o restante foi só festa. Todos queriam pegar o gatinho e o mesmo aceitava sem restrições as pequenas mãos a tocá-lo, aliás, incentivava as caricias sempre ronronando cada vez mais alto parecendo um motorzinho em funcionamento. As crianças correram para a festa me puxando pelos braços enquanto uma delas carregava o gato no colo. Levaram, o gato e eu, para nos apresentar para os pais, donos da casa, em que a festa acontecia, que por sinal eram os pais do menino que carregava o bichano. Chegaram todas berrando ao mesmo tempo emocionadas com o achado. Os pais do garoto comentaram que estavam há algumas semanas procurando um gato para adotar e perguntaram se eu não gostaria de doar o bichano para eles. Fiquei muito feliz com o pedido pois em realidade eu não teria como ficar com mais um gato (pois já tenho quatro em minha casa). Tal foi a felicidade de todos quando eu disse que doaria o gatinho para eles. As crianças fizeram uma grande algazarra e os pais me convidaram com insistência para que eu ficasse na festa, e sem que desse tempo de eu responder a criançada me arrastou pelo braço para o jardim, enquanto um já me servia refrigerante e outra pegava um doce para me dar.
Ficamos lá degustando as guloseimas quando então eu disse: Temos que pensar em um nome para o gato! Então todos começaram a sugerir: Mimi! Bolinha! Malhado! Leco! Razuna! Pipoca! Mas parecia que nenhum nome agradava a eles e ao bichano. Fizemos silêncio e ficamos olhando para o gato foi quando o mesmo tropeçou numa pequena pedrinha escondida no gramado dando uma cambalhota engraçada. Todos riram muito e o gato miou junto. Então alguém disse: “Tropeço! O nome dele vai ser Tropeço!” E o gato miou ronronando. Todos gostaram da idéia: “Tropeço! Vem Tropeço!” E o Tropeço com o rabo em pé foi. As crianças para comemorar o batizado do gato começaram dançar e cantar criando um hino para ele, que agora seguia embalado a cada momento no colo de algum deles.
Eu dançava com as crianças esquecido de meu tamanho, da minha idade e das máscaras sociais. Sentia meu corpo mover livre, inteiro, presente. E sob minha pele o vento e o tecido brincavam graciosamente sensíveis.
Vendo as crianças entregues em seu bailar, fui me afastando vagarosamente e em silêncio. Tirando retratos com meus olhos e registrando tão linda cena nos arquivos de minha memória. Ao longe dei ainda uma ultima olhadela para trás me despedindo de vez daquelas pessoas que provavelmente nunca mais veria, mas que agora faziam parte da minha história existencial.
Estava cansado mas muito satisfeito. Decidi voltar para a casa e segui em direção a estação de trem. Mas chegando lá não havia mais trem naquele horário e sem dinheiro no bolso tive que seguir a pé alguns bons quilômetros até minha casa. E nesse trajeto eu vi pessoas que passavam fome e frio. Presenciei casais que brigavam, cortando com palavras afiadas, as veias amorosas que um dia tiveram conectadas. Olhei os cães de guardas do Estado cumprindo sua missão de farejar e aniquilar as alegrias alheias. Admirei casais amando-se perdidos entre lábios, abraços, beijos e braços. Lamentei o animal expirar-se em dor embaixo de uma roda de carro mergulhado em suas próprias vísceras e sangue. Enxerguei o padre furtando a fé e esperanças alheias. Testemunhei as alegrias e desesperos humanos em uma caminhada.
Há muitos que se queixam das segunda-feiras, mas os mesmos transformam seus dias em suplícios sem sentido, passam seus dias escondidos atrás de gravatas e relatórios, anestesiados por cafeína e o mal gosto de vestir-se e comer o que não desejam. Voltam para suas casas e deixam de viver suas vidas para se entregarem a vida de personagens de novela, ou a tragédias do telejornal, sempre adaptando-se as leis externas, não criam não transformam, simplesmente se arrastam submetidos ao peso do que não é seu...
Muitos dizem que me arrisco, que me exponho em situações de perigo, ainda mais porque sou uma menina. Para esses eu olho com piedade por ver a pobreza e a fraqueza de suas vidas que necessita de proteção constante para se manterem vivos, do contrário sucumbiriam ao primeiro instante de liberdade. Pobre de vocês que não conhecem a vida, suas pernas e almas frágeis não suportariam uma caminhada numa segunda-feira.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Ange sans Ailes: TU ES FOUTU!
Tu m'as promis
Et je t'ai cru
Tu m'as promis le soleil
En hiver et un arc en ciel
Tu m'as promis le sable doré
J'ai reçu une carte postale
Tu m'as promis le ciel et la terre
Et une vie d'amour
Tu m'as promis
Ton coeur ton sourire
Mais j'ai eu des grimaces
Tu m'as promis
Et je t'ai cru
Tu m'as promis le cheval ailé
Que j'ai jamais eu
Tu m'as promis le fil d'Ariane
Mais tu l'as coupé
Tu m'as promis les notes de Mozart
Pas des plats cassés
Tu m'as promis d'être ta reine
J'ai eu pour sceptre un balai
Tu m'as promis
Et je t'ai cru
Tu es foutu
Tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu
Tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu
Tu es foutu
Tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu
Tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu
Je ne sais pas
Ce qui se passe
Mais je sais pourquoi
On m'appelle
Mademoiselle pas de chance
Tu m'as promis
Tu m'as promis
Tu m'as promis
Tu es foutu
Tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu
Tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu
Tu es foutu
Tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu
Tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu
Tu m'as promis
Tu es foutu
Tu m'as promis
Tu es foutu
ANGE SANS AILES: TU ES FOUTU!
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
domingo, 8 de janeiro de 2012
Doloroso inverno afetivo
O inverno chegou em meu coração
E dia após dia deposita-se nele
Uma densa neve
Congelando meus delicados afetos
O inverno é rigoroso
E as portas de minha alma estão cerradas
Meu coração está cinza
E ele já não pulsa mais com a intensidade
Dos amores de outrora
Haverá o dia em que a primavera voltará
Neste frio coração
O gelo se desmanchará
E minha alma chorará
Rios de tristeza e alivio
Enquanto isso sou inércia afetiva
e vivo o silencio amoroso
sepultando ecos de esperanças passadas
Eu jamais quis te machucar
Eu não te ignoro
Apenas estou hibernando
Nossas estações estão em desencontro
Você é o lindo pássaro em vôo
Em direção a luz do Amor
Eu sou a fria Melancolia
de quem perdeu a fé e a esperança
Perdoa-me pelo meu inverno afetivo
E pelas frias e afiadas pontas de gelo
Eu não quis te machucar
Apenas estou congelada
Nossas estações estão em desencontro
E não sei se um dia vamos nos encontrar
As estações mudam, mudam, mudam...
E estamos em lugares contrários
Nossas estações nunca vão se encontrar...
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Sonhos
Eu tenho sonhos que ultrapassam as fronteiras e o tempo
Somos almas livres procurando nossos corpos
Para repousarmos nossos sentimentos
Eu tenho sonhos, e sua paisagem são profundos afetos
E de nosso olhar entrelaçado
Trocamos cumplicidades carinhosas
Nos recantos recônditos de nossas almas
Cultivamos o amor de nossos sorrisos
Amor declarado a demasiada distância
Eu tenho sonhos, para sentir a tua pele
E estamos lado a lado
Para quedarmos em nossos braços e abraços
De teus lábios escuto melodias e amores revelados
Doces sonhos que nos inebria de paixões
E nas curvas de nossos lábios
Nos entregamos em delicios beijos
Eu tenho sonhos para enfrentar a distancia
E de vossa alma serena e viril
ter você comigo, sempre junto a mim
Prisioneiro de minha intensidade
(Destinado a o músico oriental que embala meu sono ao som de sua citara)
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
domingo, 4 de dezembro de 2011
DEGENERAÇÃO
Eu tenho olhos, braços e gatilhos em muitas esquinas, cidades e vilas
Tantos são meus admiradores e amigos e eles são a extensão de minhas vontades
Então fuja enquanto pode... corra... corra e não olhe para trás
E cuidado ao dobrar as esquinas da vida, poderás ser atingido por uma bala perdida
Fugirás do braço destrutivo, fugirás do repentino soco
Mas jamais fugirás do teu coração
Ele foi atingindo pela Peste da Heresia
Você está contaminado e envenenado
Eu sou o ácido e o vírus que queima o teu coração
E estarei ai até destruir com tudo
Mais irremediável que minha peste é a que nasceu contigo
Essa nem profetas, cientistas e todos os bons hábitos podem te curar
Ela se encontra no âmago de teu corpo e alma
Ela é teu código genético
Você é a auto-degeneração
Um devir demência
E definhas dia após dia
Definhas dia após dia...
Caminha a passos largos para teu leito de decrepitude e morte
Você é a decomposição disfarçada de pessoa
Se traveste de bondade para enganar o teu espelho
Mas olhe melhor e verás a putrefação de tua existência
Seus desejos são parvos
E tuas ações já demonstram o estado da afrenia
Seus cabelos, pele e membros murcham
E sua Vontade.... Ah? Ela existe?
Você nunca saberá o que é Existir realmente
Trancado e protegido viverás apenas a tua semi-vida
Vergonhosa pseudo-vida que logo acabará...
...totalmente degenerada!
(Destinado ao Bom anjo que não tem asas para voar e apodrece pouco a pouco)
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Leech
Nobody believes you
Marble no kabe wa takaku doro ni mamirete ita yo
naguritsukerareta youna itami ga ore wo hanasanee
tairyou ni koboreta Imperfection kanzen ni nomareta Expression
I who sings black again. I who dyes black again
nandomo atama wo tsubusu Insult
naguritsukerareta youna itami ga ore wo hanasanee
tairyou ni koboreta Imperfection kanzen ni nomareta Expression
I who sings black again. I who dyes black again
nandomo atama wo tsubusu Insult
Let's send a gallows in the last scene which you hope for
Don't hush up a mistake
Take responsibility
imada mienee yukue shirezu no mono matowaseta no wa subete uwabe dake
uritobasareta no wa shisou no gizou shikori mo sezu mata yotte kiyagaru
Don't hush up a mistake
Take responsibility
imada mienee yukue shirezu no mono matowaseta no wa subete uwabe dake
uritobasareta no wa shisou no gizou shikori mo sezu mata yotte kiyagaru
Can you hear the counting song of pain, baby?
[I want to scatter your face]
me ni utsuru kotae wo egaku
[I want to scatter your trick]
Can you hear the counting song of pain, baby?
[I want to scatter your excuse]
kuroki hi wa ima mo asenu mama
A prosecute. Your luck will run out someday
Hatred to you is a proper act
[I want to scatter your face]
me ni utsuru kotae wo egaku
[I want to scatter your trick]
Can you hear the counting song of pain, baby?
[I want to scatter your excuse]
kuroki hi wa ima mo asenu mama
A prosecute. Your luck will run out someday
Hatred to you is a proper act
Nagareta kekkan to muhyoujou to muryoku toki ga boukyaku ni uete mo wasureru koto wa shinai
You are the same as a leech which sucks blood to live
Let's send a gallows in the last scene which you hope for
Don't hush up a mistake. Take responsibility
imada mienee yukue shirezu no mono matowaseta no wa subete uwabe dake
uritobasareta no wa shisou no gizou shikori mo sezu mata yotte kiyagaru
Don't hush up a mistake. Take responsibility
imada mienee yukue shirezu no mono matowaseta no wa subete uwabe dake
uritobasareta no wa shisou no gizou shikori mo sezu mata yotte kiyagaru
Can you hear the counting song of pain, baby?
[I want to scatter your face]
me ni utsuru kotae ga kieru
[I want to scatter your trick]
Can you hear the counting song of pain, baby?
[I want to scatter your excuse]
kuroki hi wo houmuru muimi sa ni
I felt humiliation
[I want to scatter your face]
me ni utsuru kotae ga kieru
[I want to scatter your trick]
Can you hear the counting song of pain, baby?
[I want to scatter your excuse]
kuroki hi wo houmuru muimi sa ni
I felt humiliation
utsukushiki seijaku ga kanashige ni yureteru me wo fusagu koto sae tsumi
A prosecute. Your luck will run out someday
Can you hear the counting song of pain, baby?
You are the same as a leech which sucks blood to live
A prosecute. Your luck will run out someday
Can you hear the counting song of pain, baby?
You are the same as a leech which sucks blood to live
Fuck off
domingo, 20 de novembro de 2011
Com asas abertas lanço-me em vôo em direção ao Oriente
Lá onde a guerra nunca cessou sua onipotência
Entre balas, cadáveres e granadas
Busco minha presa de olhos amendoados
Delicada presa fugidia
Escondida sob os escombros do Ódio
De seus lábios, perfeitamente delineados, arranco o mais delicioso beijo
O sangue corre em minhas veias como correntezas em queda livre
Esquentando seu corpo esguio, trago de volta a vida
Um coração e amante árabe
Entre o Oriente e o Ocidente
Encontram-se nossas peles
Desejantes do gozo
Venha príncipe árabe
Te mostrarei os caminhos do Ocidente
E a fervura de uma paixão latina
Venha comigo para o Novo Mundo
Aqui serás prisioneiro apenas de meu coração obscuro
Venha para meu castelo príncipe Majed
A Sombra te envolverá como um manto quente
E sob o leito de heresias cometeremos os mais deliciosos pecados
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Questionamentos
Acreditavas que conseguirias um corpo desejante de ti, de Nós, a te esperar – solitário e paciente – os momentos de libertação de teu egoísmo?
Pensavas que com macias palavras amansaria o coração que abandonavas?
Afinal quais eram tuas intenções?
Porque tanto nervosismo para comunicar algo que dizias “ingênuo”?
Somente teme aquele que sabe estar errando.
Cavou friamente o terreno para plantar a semente do não-futuro. Esperavas o que? Apenas uma lágrima triste? A qual o teu abraço hipócrita sanaria?
Enganavas, dia após dia, a esperança alheia. Achou que essa esperança era uma pena ao vento? Não, mil vezes não! Essa esperança foi minha alma. Machucaste a minha alma. E por isto te dei um Instante de Destruição. Ainda assim fui leviano com minha dor.
Na falta de um futuro, extermino o presente.
Esmago teus olhos de vidro. Destruo teus contatos com o mundo. E marco em tua pele aquilo que não pude em teu coração. Rompendo pela raiz a espinha dorsal do amor para que dela nada mais sobre. E ainda assim fui leviano com minha dor.
Sem um futuro que o nosso tempo seja o hoje marcado ao ferro do Ódio. Diante da inexistência, eu sou parteira e mãe do Instante Destrutivo. E que ele seja Eterno, sem julgamentos sobre bondade ou maldade. Porque de julgamentos já me bastou o teu olhar pessimista sobre o amanhã.
Eis então o pequeno covarde – proclamador da inexistência e assustado com o instante destrutivo – foge...cego...estúpido. Irresponsável por aquilo que cativou. Ele só mais um, dentre tantos outros.
Encontrarei alguém que faça a diferença?
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Call Out My Name
You're laying on your bed on a hot summer night
Underneath the lunar light
I am a dream I am a phantom of desire
Call out my, call out my name
Call out my name, call out my name in the night
For a bitter love, for a bitter pain
Call out my name, call out my name in the night
For a bitter love, for a bitter pain
I've come a calling from, a thousand ages past
I was the first I'll be the last
I am a scratching on the windows of your soul
Call out my, call out my name
Call out my name, call out my name in the night
For a bitter love, for a bitter pain
Call out my name, call out my name in the night
For a bitter love, for a bitter pain
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Sou Passageira
Mais uma estrada percorrida
Deixo minhas pegadas fortes
Nesse terreno macio
Foram belos campos
Com flores e arco-iris
Onde desejei deitar no gramado
E ficar acariciada para sempre
pelo brilho do sol
Mas a paz me cansa
Sou passageira
e minha alma transmuta
sempre curiosa dos além
Deixo os vales verdejantes
Com uma pequena dor no peito
E algumas lágrimas
Mas o Além sempre me cativa
Revigora o peito comprimido
Oxigena o olhar e as vontades
Deixo mais um terreno
E assim como outros
Sempre encontro melhores paragens
Para trás ficam algumas lembranças
E os fantasmas encaixotados nas suas mesmices
Marionetes de almas fracas e apodrecidas
E eu sigo, sempre avante, avante
Para além dos vales e montes
Apreciando cada terreno que Piso
(Destinado a um anjo que não tem asas para voar... e que morrerá na sua auto-degeneração)
(Destinado a um anjo que não tem asas para voar... e que morrerá na sua auto-degeneração)
Eu sou o passageiro
Eu rodo sem parar
Eu rodo pelos subúrbios escuros
Eu vejo estrelas saindo no céu
É o claro e o vazio do céu
Mas essa noite tudo soa tão bem
Eu rodo sem parar
Eu rodo pelos subúrbios escuros
Eu vejo estrelas saindo no céu
É o claro e o vazio do céu
Mas essa noite tudo soa tão bem
Entre no meu carro
Nós vamos rodar
Seremos passageiros à noite
E veremos a cidade em trapos
E veremos o vazio do céu
Sob os cacos dos subúrbios aqui
Mas essa noite tudo soa tão bem
Nós vamos rodar
Seremos passageiros à noite
E veremos a cidade em trapos
E veremos o vazio do céu
Sob os cacos dos subúrbios aqui
Mas essa noite tudo soa tão bem
Cantando lá-lá, lá-lá (lá-lá-lá-lá)
Cantando lá-lá, lá-lá (lá-lá-lá-lá)
Cantando lá-lá, lá-lá (lá-lá-lá-lá) lá-lá
Cantando lá-lá, lá-lá (lá-lá-lá-lá)
Cantando lá-lá, lá-lá (lá-lá-lá-lá) lá-lá
Olha o passageiro
Como, como ele roda
Olha o passageiro
Roda sem parar
Como, como ele roda
Olha o passageiro
Roda sem parar
Ele olha pela janela
E o que ele vê
Ele vê sinais no céu
E ele vê as estrelas que saem
E ele vê a cidade em trapos
E ele vê o caminho do mar
E o que ele vê
Ele vê sinais no céu
E ele vê as estrelas que saem
E ele vê a cidade em trapos
E ele vê o caminho do mar
E tudo isso foi feito pra mim e você
Tudo isso foi feito pra mim e você
Simplesmente pertence a mim e você
Então vamos rodar e ver o que é meu
Tudo isso foi feito pra mim e você
Simplesmente pertence a mim e você
Então vamos rodar e ver o que é meu
lá-lá, lá-lá (lá-lá-lá-lá)
lá-lá, lá-lá (lá-lá-lá-lá)
lá-lá, lá-lá (lá-lá-lá-lá) lá-lá-lá
lá-lá, lá-lá (lá-lá-lá-lá)
lá-lá, lá-lá (lá-lá-lá-lá) lá-lá-lá
Olha o passageiro
Que roda sem parar
Ele está seguro ali
Conhece o mundo pelo vidro do carro
Que roda sem parar
Ele está seguro ali
Conhece o mundo pelo vidro do carro
E isso tudo ele sabe que é seu
Ele vê o vazio do céu
E ele vê as estrelas sair
E ele vê a cidade durmir
Ele vê o vazio do céu
E ele vê as estrelas sair
E ele vê a cidade durmir
E tudo isso é meu e seu
E tudo isso é meu e seu
Então vamos rodar e rodar e rodar e rodar
E tudo isso é meu e seu
Então vamos rodar e rodar e rodar e rodar
domingo, 16 de outubro de 2011
Criação
Anos se passaram desde minha chegada
Nunca permaneci pois sou o vendaval
que arrasta e consome as diferenças
Incorporo em minhas veias todos os cultivos.
Minha alma está em todos os tempos e culturas
Me satisfaço apenas com os novos sabores
Nunca permaneci pois sempre busco mais e mais
Mas anos se passaram desde de minha chegada
E agora minha alma se encontra empobrecida
minhas veias estão secando
E meu coração fermentado pulsa líquidos azedos
Estou me intoxicando, estou morrendo
Eu quero - eu preciso - partir
Não encontro mais a saída
Perdi minha força
Dia após dia me debato nas curvas de uma mesma cidade
Reencontro meus passos na areia marcada
Agora sou apenas um vento suave fazendo cócegas na mesmice
Como me deixei vencer?
Minha pele se descama
Se empluma em busca de novos voos
Eu preciso respirar outros ares
Meus pés buscam estradas infinitas de eterna transformações
Meu coração cigano deseja sempre novos territórios afetivos
Deixo atrás de mim o caminho em direção ao Novo
Sigam-me os aventureiros, curiosos e adivinhos
Eis o furacão mordendo meu peito
Eis a dor rompendo a minha carne
Minhas veias jorram tempestades
Sou a implosão, explosão e destruição
E vou levar comigo o passado e o futuro
Moldando com desgraças e esperanças o meu Hoje
Eu sou o vendaval e a transformação
A existencia em ato, sem planos e platonismos
Nunca a priori, sempre a praxis
Sou o Caos, Sou a criação
Cria Ação
Nunca permaneci pois sou o vendaval
que arrasta e consome as diferenças
Incorporo em minhas veias todos os cultivos.
Minha alma está em todos os tempos e culturas
Me satisfaço apenas com os novos sabores
Nunca permaneci pois sempre busco mais e mais
Mas anos se passaram desde de minha chegada
E agora minha alma se encontra empobrecida
minhas veias estão secando
E meu coração fermentado pulsa líquidos azedos
Estou me intoxicando, estou morrendo
Eu quero - eu preciso - partir
Não encontro mais a saída
Perdi minha força
Dia após dia me debato nas curvas de uma mesma cidade
Reencontro meus passos na areia marcada
Agora sou apenas um vento suave fazendo cócegas na mesmice
Como me deixei vencer?
Minha pele se descama
Se empluma em busca de novos voos
Eu preciso respirar outros ares
Meus pés buscam estradas infinitas de eterna transformações
Meu coração cigano deseja sempre novos territórios afetivos
Deixo atrás de mim o caminho em direção ao Novo
Sigam-me os aventureiros, curiosos e adivinhos
Eis o furacão mordendo meu peito
Eis a dor rompendo a minha carne
Minhas veias jorram tempestades
Sou a implosão, explosão e destruição
E vou levar comigo o passado e o futuro
Moldando com desgraças e esperanças o meu Hoje
Eu sou o vendaval e a transformação
A existencia em ato, sem planos e platonismos
Nunca a priori, sempre a praxis
Sou o Caos, Sou a criação
Cria Ação
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