domingo, 13 de setembro de 2015

Sobre Estômagos e Corações

Meu coração e meu estômago são muito próximos, e funcionam parecido: precisam ser alimentados 3 vezes ao dia! No minimo uma vez ao dia, aceitando quando se vive momentos dificeis…

Por que meu coração haveria de ser diferente do meu estômago? Não ocupam o mesmo corpo e o mesmo desejo de minha alma?

Há quem se engane a respeito de minhas necessidades… Ah coitados!

Acreditam que eu espero!

Se tem uma coisa que não tenho na minha vida é paciência, e foi justamente essa caracteristica que me faz hoje eu viva! Quem não busca seu alimento morre na inanição! Já passei fome e disso não passo mais, aprendi! Se não tenho aqui, busco acolá! É assim que se vive quando se respeita as necessidades de seu corpo e alma. E podemos viver fora de nosso corpo e alma? Não espero para ver, e também não faço questão de querer.

Não tenho paciência, e não aceito migalhas. Onde não há fartura, meu corpo e alma não permanecem!

Logo encontro outras mesas e camas…

Mas hoje há um mal que acomete nossa sociedade, a busca de uma aparência que não condiz com as necessidades corpóreas e afetivas… Não se come para tentar ser magro, não se sente para aparentar controle… Vivemos a era da Anorexia! Ela, em todas as suas possibilidades! Se privam de um doce, se privam de fazer uma ligação, e quando o outro faz, já é demais! Tudo é demais para os anoréxicos.

Porém só quem já viveu diariamente mergulhado no delicioso mel do amor, para saber que não se vive com raspas amorosas uma vez por semana… Eu quero a abundância percorrendo meu corpo, quero a enchente de afetos afogando minha alma de amor! Mas os anoréxicos afetivos se assustam com esse afogar! Coitados são tão frágeis, que acham que vão morrer. E quando lhes é oferecido a fartura do amor, logo acusam: “você está me sufocando!” Entram em estado de pânico diante da maré amorosa! Mal sabem eles que aprendemos a nadar nesse profundo oceano de sentimentos. Mas tudo é demais para eles. Vivem com o mínimo e acham que o Outro precisa se satisfazer da mesma maneira..

E como encontrar abundância na anorexia? O que sobra é deixá-los em paz em sua anemia sentimental…. aquela paz que se aproxima quase do estado de morte…

Vão queridos! Vivam em paz em seu pequeno ataúde de individualidade!

Já eu? Eu quero o borbulho, a intensidade, o estrago, o excesso! Quero me lambuzar inteira em todas as delicias que a vida me oferece! Quero o amor invasivo e passional. Quero o amor que me satisfaz, que me alimenta, que sente prazer em estar juntos… o amor em que faz esquecer o Eu e o Tu, para se viver o Nós… um mergulhado no outro!

Sou feita de vísceras, pele e afetos. Amor que não dá conta disso que procure os santos nos templos, esses, feitos de imaterialidade e sopros divinos…

Aqui pelo contrário, tem carne, pulsão, sangue e desejo… e isso definitivamente não é para qualquer um!

Mas eles acreditam que eu espero… coitados!

Aqui estou percorrendo novos e mais novos territórios afetivos. Me alimentando de novos sabores e desejos. Meu estomago e meu coração nunca param! Não ousam esperar. Meu corpo e alma insaciáveis.... nômades!