domingo, 31 de julho de 2011

Depois de me perder em algumas alucinações e miragens
Distorcidas nas imagens de pretensas cumplicidades
Encontro-me finalmente na lucidez de minha solidão

Agora em voz alta consigo me dizer:
"Segue teu caminho solitário e selvagem. E enquanto a navalha não te amputa a vida...
Siga! Critique, Transforme, Crie! Viva a Heresia!"

Finalmente consegui sair do maldito encantamento afetivo. Entranhas limpas. Visceras curadas! Ai vou eu!

O blog a partir de hoje passa a responder a seu objetivo primário!

Esquivo-Amor

Em teus olhos eu via o tremor daqueles que hesitam
Tua pele vacilante receava ao tímido toque
Tuas mãos inseguras apalpavam o medo de tua aura
E tua respiração sôfrega atacava teu coração fraco
Mas você nunca admitiu tuas incertezas
Como mula empacou num fingimento estúpido e declarado

Pensava enganar os outros
Mas somente enganava a si

E nessa enganação e negação do teu querer
Perdeu o abraço amoroso que te acarinhava

Meu silêncio é a única resposta possível para tua insegurança descarada
Segue teu medo e adormeça nos braços de tua dor

domingo, 24 de julho de 2011

(Des)Comunicação

A palavra trancada e não-dita sufoca a alma
na agonia do limbo que nos separa
cavado pelos nossos próprios medos

Através de tímidos gestos procuro
desesperadamente a tua atenção
sendo recepcionada apenas pela tua indiferença
Um olhar vazio e um ouvido mouco
Afeto cadavérico, paixão mortificada
Assassinada pela tua não-vontade afiada

O tempo se reveste da taciturna palavra
Ecoa afetos mudos e cegos
Corpos intocados esfriam-se de si
E a memória aniquila tua ultima imagem num quadro
Uma arte nostálgica e só. E só.Só.

sexta-feira, 22 de julho de 2011


"Se hoje eu vos incomodo, se hoje mato, é porque mataram em mim o que tinha de melhor. Sou apenas um espelho de vocês mesmos. Podem até criar diagnósticos para minha conduta, tentando me encarcerar em rótulos, como se eu fosse o problema em mim mesmo, nascido de mim, vivido em mim, crescido em mim. Mas bem sabem vocês o quanto eu tentei, bem sabem vocês que me esforcei, que lutei, que acreditei... e em todo esse tempo que me dediquei e acreditava, o que fizeram vocês? Me ignoraram, valorizaram mais os “Seus”, mesmo esses ai sendo crápulas e parasitas. Debocharam, humilharam, diminuíram até sumir o que eu tinha de melhor. Como poderia eu continuar tentando  visto não haver chance para mim? Hoje me torno Imortal através das “barbáries” que fiz, agora vocês me supervalorizam, agora vocês me dão atenção, falam de mim, me colocam no jornal, na tv, na revista. Hoje estou na boca de todos. Hoje só tenho atenção de todos. Tantas vezes antes, tentei falar, mas minha fala sempre foi abafada pelos risos. Hoje estão vocês aqui a minha volta. Hoje os parasitas estão trabalhando para mim, me diagnosticando, me escutando, me olhando. Olhos medrosos, isso é verdade. Eu vejo vossos medos. Mas estão me olhando e isso me basta. Meu nome é Psicopata, nascido e criado em vossa sociedade" 

(Relatos de um Psicopata)


quinta-feira, 21 de julho de 2011

A folha

Caminho desiludida com tanta incompreensão, estou só, mas talvez esse seja o caminho de quem ama, amor altruísta. Com as mãos a esquentar no bolso sigo tranqüilamente nessa tarde fria. Apesar de ser inverno, o sol com seus últimos raios do dia, pinta o céu azul com riscos dourados. Pássaros cantam em sinfonia nas copas das árvores. No embalo da sinfonia esqueço meu corpo parado na rua. Meus olhos levantam a altura da copa das árvores para se encontrar com os autores de tão divina música. Mas o que encontro lá é uma obstinada folha solitária a balançar ao vento fresco. Solitária e teimosa insiste em dançar no meio das verdes estátuas. Pequena solitária bailarina verde.

Naquele instante meus olhos seguraram aquela folhinha, aquela minúscula folhinha que balançava, e naquele seu tremer toda ela dizia: “Olhe estou viva! Eu existo!”. Há quanto tempo ela estava ali? Ela nasceu, cresceu e hoje nesse fim de tarde de céu azul e dourado ela pedia com toda sua existência um momento de ser ela mesma, um momento de ser não uma copa, mas ela: Folhinha! Será que alguém já  havia reparado nessa pequena bailarina? Será que alguém com ela já havia namorado? Disso não saberei tampouco ela me responderá, mas de uma coisa tenho certeza: hoje, ela e eu, vivíamos uma para a outra. Era o nosso momento: meu e dela! Momento sagrado! Meus olhos acariciavam sua pele verde, suas veias de seiva e ela me retribuía com seu bailar vivo esverdeado! Mesmo distantes, ela lá no alto e eu aqui embaixo, trocávamos uma relação de amor e de reconhecimento como seres únicos. 

Talvez realmente, nunca alguém a tenha notado, mas hoje e, talvez somente hoje, ela era única! Talvez eu também! Ela era a folha viva que também preenchia aquela copa, naquela árvore dentre tantas outras, mas aquela!!! Sim! Ela era uma folha muito especial, mas por quanto tempo ela ainda estaria ali? Também não saberia responder...talvez amanhã o vento frio da morte a levaria para outros lugares, para perto da terra, talvez não, mas de qualquer maneira amanhã seria outro dia e mesmo eu passando novamente por essa árvore que carregava um dos amores de minha vida, eu já não a encontraria mais no balançar de tantas outras: folhinha!
                  

quarta-feira, 20 de julho de 2011

"Que vá Foucault analisar discursos lá no inferno, na boca do Diabo. 
Meu negócio agora é Literatura, meu amado Camus e muito Vinho!"

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Dance With Me

 
 
 
Let's dance little stranger
Show me secret sins
Love can be like bondage
Seduce me once again

Burning like an angel
Who has heaven in reprieve
Burning like the voodoo man
With devils on his sleeve

Won't you dance with me
In my world of fantasy
Won't you dance with me
Ritual fertility

Like an apparition
You don't seem real at all
Like a premonition
Of curses on my soul

The way I want to love you
Well it could be against the law
I've seen you in a thousand minds
You've made the angels fall

Won't you dance with me
In my world of fantasy
Won't you dance with me
Ritual fertility

Come on little stranger
There's only one last dance
Soon the music's over
Let's give it one more chance

Won't you dance with me
In my world of fantasy
Won't you dance with me
Ritual fertility

Take a chance with me
In my world of fantasy
Won't you dance with me
Ritual fertility

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Nomadismo Afetivo

Sou o Eterno nômade
dos infinitos territórios afetivos

Em minhas andanças
Não respeito as cercas identitárias
Eu as pulo, corto-as e as penetro...

Enquanto os outros vivem apertados
nas cercas que criaram ao seu próprio redor,
eu tenho o mundo ao meu dispor,
mas essas pobres criaturas procuram julgar minha liberdade
 com os valores que as espremem na minúscula cerca.
Olham para mim com olhos vulgares,
não percebem que esses olhos estão
contaminados pelos medíocres valores,
pois o mundo aqui fora tem outros ares

Meu mundo é onde estou
E eu estou em todos os lugares
Meu amor está em todos os corações
E o meu orgasmo em todos os sexos

Sou o desconforto para
os pobres proprietários afetivos
que tendo apenas um território
o defendem de forma tão miserável

Mas lá estou eu
dentro deles ao convite deles
Assustam-se diante
do significado de suas próprias escolhas
e no impulso desesperado
pretensiosamente tentam me expulsar

Mas uma vez convidado
Eu não me retiro mais...
Eu não aceito o convite e o beijo
Sem desejar vossas almas

E através desse beijo carinhoso
Eu rejuvenesço um pouco mais
Deixando um pouquinho de minha morte

Minha materialidade vai, some
Caminha em direção
a novos territórios afetivos
Sempre em busca de mais e mais
            VITIMAS




(Em glória a minha existência Afecto-nômade)

sábado, 9 de julho de 2011

Desconforto

Sou a Sombra
E me projeto através da luz alheia

Sou o obscuro que todos negam ver em si
E estou em todos os corpos e curvas
Nas dobras da vida

Eu vivo no limbo das curvas do pensamento, das ações e desejos
Onde a luz não tem vida

Sou o pensamento recalcado
O desejo proibido
A vontade estagnada

Meu império é a Escuridão
Meu castelo a Perversão
O Mistério é meu amante
E a Ignorância minha melhor amiga

Eu sou o instante anterior a convulsão
O vulcão adormecido
O caos em pronto ataque
O cataclismo em gestação

Os covardes me temem
porque não possuem forças contra o meu poder

Mas sou apenas uma criança safada
Sedenta de travessuras
E dou risada dos covardes que desesperados
se atiram aos raios de luz para não me enxergarem
Mas estou sempre ali: Atrás e através deles... Sempre ali...

Sou o beijo carinhoso nas vísceras em carne viva
O Carinho e o Desconforto acasalados em profundo orgasmo

E vou incomodar vocês
Para sempre e sempre...
Ai onde o escuro cresce
Enquanto vocês fogem

(Destinado aos Diabos, Vampiros e Ciganos que temem a sí mesmos)