domingo, 24 de agosto de 2014

Confutatis maledictis
Flammis acribus addictis
Voca me cum benedictis
Oro supplex et acclinis
Cor contritum quasi cinis, gere curam mei finis


Parabéns! Hoje a criança faz 10 aninhos! 

Primeiros anos de vida uma gracinha, muito amada, cheia de mimos e pequenas festinhas. Sempre o olhar e o abraço carinhoso a lhe cuidar e ninar. A promessa de um Infinito lhe cobria a alma.

Os dias passaram, a rotina acinzenta a vida, os abraços são lânguidos e o olhar distanciado. A criança já não é o centro. E quanto mais o tempo passava uma certa indiferença cresceu, um certo descuidado, mas ainda assim uma presença extenuada, mas presença. 

Já pelos seus 5 anos a coisa realmente era diferente. A criança chorava, exigia, mas nada podia ser feito por ela. Não havia mais espaço para ela. O Infinito era um engano. Um desejo limitado cheio de fronteiras. Pequeno. Depois dos 5 anos foi praticamente abandonada... Viu-se só! Ainda assim continuou tendo fé. O tempo estava ao seu lado. Agarrou-se aqui e ali...comia sobre o coração temporariamente quente de algum moribundo, para logo deparar-se com uma carne dura e fria. Era a morte, essa sempre presente na vida da criança desde então. E assim, no fim acabava novamente só.

Rolou pelas ruas da cidade, da vida... voltava a espiar seu passado que estava ali...Porém só encontrou securas e egoísmos cultivados numa birrenta mágoa. Eram estátuas, nada a declarar, nada a sentir, nada! Desistiu, seguiu!

Um dia abaixo dos delírios de sua fome - quando espiou mais uma vez o seu passado - acreditou ver um movimento...Será verdade? Sussurrou e acreditou ouvir um eco... seu coração bateu forte... passou um tempo nesse encantamento, sempre emitindo sinais e ouvindo retornos. Todo seu corpo virou esperança. Ela encontrou novamente a vida e aquele bom espaço que a acolhesse! Travou diálogos com seu passado sempre tendo retornos! Era muita alegria!

Porém um dia estranhou, se deu conta que a coisa não avançava. Mas apenas repetia. O que havia de errado? Começou a olhar melhor, andou, olhou mais um pouco, andou para o outro lado e olhou. E então derrepente sentiu seu peito comprimir, uma dor avassaladora lhe rompeu a alma. Viu um espelho! Não havia nada lá, apenas o reflexo dela mesma e de sua fé. Todo esse tempo sussurrou e travou diálogos em sua própria alma. Nada mais! 

Viu-se novamente só... seguiu...Com o tempo, através de sua alma lúdica - aprendeu a se divertir e ter fé com o espelho. Eram voos sabidamente fadados a penúria. Mas fingia acreditar para continuar seguindo...

Seguiu, brincou, cansou... 

Já não sabe mais o que é amor. Dúvida se algum dia soube. Desistiu de viver sobre os corpos de moribundos, pois já não lhe suporta mais ver a morte. 

Hoje ela faz 10 anos, seu corpo é magro, cadávérico, completamente desnutrido. Essa criança não brinca mais, não tem mais fé. Sua alma agora é dor e chagas. Seus olhos opacos não enxergam o mundo. Encolheu em si. Murmura alucinações para seu coração que sofregamente palpita, devagar, cansado. Tem o tempo ao seu lado, mas não o espaço.

Nessa noite em comemoração aos seus 10 anos ela prometeu para si uma festa! Uma passagem que finalizará todo seu passado, esse o construtor de seu corpo e alma!


Suicida-se

domingo, 9 de março de 2014

Pulse




Hold, listen to my pulse
I have a nervousness that must leave
Oh I will say I’m not
It won’t help my want for this to be over

When the moment comes, it’s like a wild fire spreads
Holding to my body so.

Slowly, I wait to find the has wrapped around me and won’t let go
Darkness has led to distance, I wait in hope to find an end

Oh, I can hardly sleep, this has filled my chest and won’t leave
Oh, it will stay all night, won’t talk myself around, or stay calm

When the moment comes, it’s like a wild fire spreads
Holding to my body so.

Slowly, I wait to find the has wrapped around me and won’t let go
Darkness has led to distance, I wait in hope to find an end
Slowly, I wait to find the has wrapped around me and won’t let go
Darkness has led to distance, I wait in hope to find an end

Ilusão

  
E nesse deserto afetivo eu tateava algum encontro possível
Tantas vezes minha ilusão te fazia próximo
Deliciosa sensação que se desvanecia
Abandonando-me na solitude árida desse afeto

Já não sei o que é realidade ou ilusão
Cada gesto teu por mim visto e sentido
É apenas dúvidas
Há ainda esperança?

Eu sei que te machuquei
Queria que minhas lágrimas
Cicatrizassem tuas feridas
Mas talvez as feridas que causei
Foram mais fundas que minha capacidade de chorar
Quantos litros mais tu queres de mim?

E talvez tu já não queres mais nada
Nada

Porém continuo fazendo da minha realidade
Esses momentos de ilusão

Em mim tu nunca foi
É
Cuido e mimo cada lembrança
Contemplo e acaricio cada atual gesto
Que pelo visto é o que me resta...


Amor sem pretensão!


sexta-feira, 7 de março de 2014

I Love You!






Where the light shivers offshore

Through the tides of oceans
We are shining in the rising sun

As we are floating in the blue

I am softly watching you
Oh boy your eyes betray what burns inside you

Whatever i feel for you

You only seem to care about you
Is there any chance you could see me too?
'Cos i love you
Is there anything i could do
Just to get some attention from you?
In the waves i’ve lost every trace of you
Oh where are you?

After all i drifted ashore

Through the streams of oceans
Whispers wasted in the sand

As we were dancing in the blue

I was synchronized with you
But now the sound of love is out of tune

Whatever i feel for you

You only seem to care about you
Is there any chance you could see me too?
'Cos i love you
Is there anything i could do
Just to get some attention from you
In the waves i’ve lost every trace of you
Oh where are you?

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Viajando

A locomoção era curta. Meu corpo assim como o dos demais passageiros pedia sono. Fechei os olhos, buscando meu berço interno, porém o espírito nômade ansiava. Beliscou-me curiosidades pelo filme que se desenrolava através da janela. Mergulhei nesse filme abraçada fortemente pelo sedutor espírito nômade. E lá ficamos nós – juntinhos - a contemplar os cenários que desabrochavam a cada quilometro percorrido.

A paisagem acariciava meus olhos com suas diversas formas e tonalidades.

O azul claro do céu era um abraço macio e suave em que meus olhos relaxavam. Embalada nesse azul celeste, fui surpreendida por uma pequena nuvem travessa que fugia rasteiramente muito abaixo das outras nuvens. Ela dançava, deslizando com suas formas graciosas e mutantes, entorpecendo assim meus olhos e fazendo cócegas em minha alma. Ri baixinho para não atrapalhar o sono dos outros passageiros.

 Mais adiante um mar de capim estendia-se até o horizonte mergulhando meus olhos nas ondas de diversos tons de verde. Nesse mar banhei minha alma limpando-a do concreto cinza e agudo das desesperadas metrópoles. 

Os raios de sol desciam suavemente sobre meu rosto como as mãos quentes de um pai que abençoa sua filha. Entreguei-me deliciosamente a essa benção! E assim, acariciada, limpa e abençoada, beijei meu espírito nômade trazendo-o carinhosamente para o confortável berço interno. Dormimos! Abraçados de conchinha! 



quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Catarse



No inicio a tua ausência era um abismo em minha alma

Arrastava-me machucada, 
Agonizando nesse silêncio que tua não presença me fazia

Dias e meses se passaram 
E nesse abismo construí pontes e poesias
Atravessava a tua ausência como algo mudo:
Um sufocar reprimido
Um Grito proibido!
Sempre banhados de lágrimas para se suportar

E de tantas lágrimas derramadas 
Um rio se fez sob minhas pontes

Hoje a tua ausência é um silêncio dentro de mim
Um jardim que me recolho para contemplar

Amanhã apenas uma serena lembrança

Um pouco além
Longe de mim
nada

A vida continua! 

*Dedicado com carinho a todos os mortos - físicos ou afetivos - que apodrecem até se exterminar.