quinta-feira, 28 de abril de 2011

Manifesto Borderline

Somos filhos do Gozo e da Agonia
Somos irmãos dos seres Selvagens
Descendentes dos Amorais
Procriantes dos Desejos

Nossa pátria é a Intensidade
Nossa bandeira é a nossa pele arrancada no impulso do desespero
E nosso alimento a Dopamina, fruto da paixão
Nosso sangue é o nosso vinho
E nos inebriamos com nossa dor

Nossos territórios são os afetos-a-flor-da-pele,
Somos eternos viajantes desses territórios sentimentais
Somos os nômades emocionais,
E nos teleportamos afetivamente do Amor ao Ódio em um segundo
Nosso relógio é a Atemporalidade

Nosso amor é um furacão que arrasta todos os seres
Nos fundimos no coração generoso
Devoramos a alma do ser amado
Para nos colocar lá no vazio que fizemos.

Somos uma peste amorosa
Um amor pestilento
E em nossos corações há um buraco negro
Que suga todos os afetos e consciências

Negamos a pretensa Individualidade
Não nos diferenciamos do mundo e dos Outros
Negamos os territórios demarcados
Não aceitamos as cercas entre as coisas e afetos
Rasgamos todos os limites
Somos a Simbiose no Tudo

O nosso vazio existencial é o vácuo do universo implodindo nosso peito
Que só se alivia através da ponta da faca que fura nossas veias
A dor física é o que põe nossos pés no chão
E sustenta nossa existência concreta

Somos alcoólatras da dopamina
E vivemos inebriados a beira do precipício
Somos o Conflito concretizado em um corpo

Não queremos deixar nossa existência Border
Queremos sim vivê-la plenamente sem cadeiras elétricas
Sem Papa, Juiz, Brigada, Psiquiatra

Queremos sim o Direito a indiferenciação
O pleno consumo de afetos
Um olhar amigo para nossos Ódios
E um coração puro e macio para nos alojarmos

Nosso fim e nossa morte é o Desprezo e o Abandono
O suicídio é apenas o rompimento entre o corpo de uma alma que já se encontra morta e pútrida

E queremos e lutamos pelo Direito a esse rompimento!

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