quinta-feira, 9 de maio de 2013

Vertigem



A vida nos passa a perna, brinca, faz piada
prega uma peça
onde era, não é mais
E o que está agora, nunca foi pensado

Aquela pessoa que tu jurou seria o amigo para sempre
Simplesmente não significa nada, era só ilusão
Um projetar de nosso anseio
E a amizade mesmo surge de onde menos se espera

A vida é um balançar 
e quando se pensa que está indo
na verdade está voltando
E quando pensa que está embaixo 
de surpresa uma vertigem
Pela altura em que se encontra

A verdade é um momento
efêmero
E o chão uma vereda
transitória
O nosso eu um cigano
nômade de territórios impensados
Quando digo estou aqui
Me percebo ali
Mas na real estou acolá

Mas o que é o real?
Ele também é um ponto de vista
E quando caminhamos já não é!
E a realidade se transmuta

Porque nós somos alomorfia
Errantes de um viver maleável
E quando olhamos para trás tudo já está diferente

Eu queria me agarrar em algo
Me agarro em teu abraço
Mas você já não é mais você
É outro que agora conforta
o meu novo desespero

Então esse outro passa a ser você
E você é sempre aquele que está diante de mim
E que se transfigura
Numa metamorfose constante

Eu quero uma estabilidade
e a única que encontro 
é que tudo será sempre instável

O mundo gira, gira e gira
e com esse girar rodopiam meus pensamentos
E se hoje quero isso, é porque no fundo quero aquilo
E o que consigo é aquele outro, o menos esperado
E o mais surpreendente

Assim também são meus afetos
que no girar do mundo 
deslizam na alma emoções imprevistas
E se hoje sou tristeza, é porque logo chegam alegrias
E quando alegria estou, uma raiva me acomete

E de tanto balançar, girar, e se transformar
A única certeza que fica é que tudo é incerto! 





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