Olhava Deuses nesses corpos febris
Eram lagartos sujos a arrastar-se por esse mundo
Decepções e frustrações esmagavam meus ideais divinos
Deuses eram meus olhos prateados
a projetar em lagartos os reflexos de minha alma
Você sempre esteve aqui na Sombra
A contemplar meu desatino
Espiava-me por detrás de meus olhos
Você o amante árabe, o Diabo, o nômade, o vampiro
Escondia-se na carne de meus lábios e no desejo de minha pele
Você o ardente latino, o erótico, o amor, a paixão em essência pura
Tranquilamente me esperava
Enquanto eu saia a errar nesse mundo de decrépitos lagartos
E toda a noite você deitava com meu corpo nu
Beliscando minha alma com anseios amorosos
Cansada de procurar, cansado de esperar
Arrastou-me com violência
Para escuridão de teu mundo
E da explosão de nossos impulsos reprimidos
Devoramos nossas carnes
Somos o pecado materializado
O vício, o estupro, o genocídio
Sempre interpretamos a violência de nossos desejos
Sem julgamentos e moralismos
E de nosso ciúme possessivo
Fizemos momentos de intenso prazer
De nossas palavras afiadas
Cortamos a distância de nossas almas
E de nossos ódios e raivas
Envolvemos com sangue os nossos corpos
Deleitando-nos nas dores e prazeres da carne viva...
Deleitando-nos nas dores e prazeres da carne viva...
E agora unidos nesse único corpo
Dançamos ao ritmo erótico de nossas almas entrelaçadas
Você-Eu rindo-nos desses lagartos sujos que babam
Esmagando com nossos olhos-chumbo a carcaça desses estúpidos répteis
Juntos construímos nosso castelo de Heresias
E na Sombra de nossa alma realizamos infinitos pecados
Venham lagartos, decorar com vossas carcaças
As paredes de nosso perverso castelo
Venham lagartos... venham...
- Destinado a todas as Lagartixas que se dizem Homens -
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