A
locomoção era curta. Meu corpo assim como o dos demais passageiros pedia sono.
Fechei os olhos, buscando meu berço interno, porém o espírito nômade ansiava.
Beliscou-me curiosidades pelo filme que se desenrolava através da janela. Mergulhei
nesse filme abraçada fortemente pelo sedutor espírito nômade. E lá ficamos nós
– juntinhos - a contemplar os cenários que desabrochavam a cada quilometro
percorrido.
A
paisagem acariciava meus olhos com suas diversas formas e tonalidades.
O
azul claro do céu era um abraço macio e suave em que meus olhos relaxavam. Embalada
nesse azul celeste, fui surpreendida por uma pequena nuvem travessa que fugia
rasteiramente muito abaixo das outras nuvens. Ela dançava, deslizando com suas
formas graciosas e mutantes, entorpecendo assim meus olhos e fazendo cócegas em
minha alma. Ri baixinho para não atrapalhar o sono dos outros passageiros.
Mais adiante um mar de capim estendia-se até o
horizonte mergulhando meus olhos nas ondas de diversos tons de verde. Nesse mar
banhei minha alma limpando-a do concreto cinza e agudo das desesperadas
metrópoles.