Na
estrada eu passava recolhendo das paisagens algumas fotografias, tiradas pela
mecânica do meu olhar.
Na minha alma as fotografias se transmutavam, acasalando-se aos meus delirantes
ideais. Gestei sonhos acordados, parindo deles loucas fantasias!
Lá estava você presença constante das minhas alucinações:
Mandava-me beijos através da luminosa janela da pequena e rústica casa. E sob o
dourado sol, te vi sentado a contemplar o horizonte na mesma direção que meus
anseios. E mais adiante, nessa brincadeira de esconde-esconde, te vi correndo
entre as árvores daquele majestoso campo.
Você-Eu projetados nesse filme que se desenrola pela janela do carro. Filme que
conta os mistérios de Outras vidas, ampliando os cenários também de nossas
existências.
Brincamos, pulando de galho em galho, assopramos as nuvens, dançamos com as
flores, corremos como gado e de espíritos suados nos embalamos no vento.
Mergulhamos
com nossos corpos quentes naquele sombrio lago, bebendo dele desejos
incontidos. E de cada casa visitada pelo olhar viajante, furtamos deliciosas
emoções, deixando sempre um pensamento carinhoso.
Assim – juntos e selvagens – nesse delírio que persiste, nos deslocamos para
Além ressignificando o tempo e espaço sob a perspectiva de nossa ilógica.
Somos estrangeiros da Razão, apenas visitantes de curta passagem...