Doem-me os sonhos que já
não posso mais sonhar
E com profundo pesar
enterro diariamente esses filhos natimortos de minha alma
Voltando mecanicamente
para a triste rotina que arranha desesperada esse corpo já tão vazio
A vida é um caminhar para
a profunda decepção
E sob o peso desse obscuro
sentimento, atravesso em pensamento o portal do suicídio
Mergulhado nesse vácuo
existencial e quando já nada mais posso nele
Meus olhos reabrem-se
encontrando na vida aquilo que ela tem de primordial: a simplicidade sem
pretensão
Ressuscito estéril
Transando sensibilidades
sem gestação
Gozo sem frutos, sem peso,
sem objetivos
Apenas e humilde gozo!